Um carroção inacreditável, que se abre como um livro de figuras tridimensionais, chega à moderna cidade de Londres para oferecer seus espetáculos, mas é claro que as pessoas estão ocupadas demais trabalhando e se alienando, para prestar atenção ao espetáculo. A trupe é formada por um grupo mais que excêntrico de nômades indigentes, vestidos com roupas espalhafatosas e esfarradas: o jovem Mercúrio Anton, a linda Valentina, o anãozinho rabugento Percy, e o velho imortal Dr. Parnasus. No meio de suas andanças, a trupe encontra o misterioso Tony, detentor de uma poderosa lábia, capaz de auxiliar Parnassus em suas apostas com o Diabo.
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| Dr. Parnassus e Nicky (o Diabo): Metáfora de Fausto? |
O filme é adorável, com sua charmosa matiz de teatro boêmio, mas caminha sobre o fio de uma faca: ou você vai amar ou vai odiar. Divertido, excêntrico, inquieto e surreal, mas também um pouco incoerente. Não é uma produção tipicamente hollywoodiana, e a história é contada em um rítmo confuso, entrecortado e meio metafórico, de forma que é difícil entender de que se trata de uma disputa de almas entre Parnassus e o diabo, que ele é mesmo imortal e que tem mesmo o poder de pôr a pessoa dentro do mundo que ela mesma imaginou.
Vale a pena assistir, nem que seja, ao menos, para conferir a última atuação de Heath Ledger (o inesquecível Coringa "Why so serious?"), que protagonizou o filme, mas que suicidou-se no meio de sua produção. Para a conclusão do longa, que não poderia continuar sem seu personagem principal, surgem nada mais nada menos que três renomados atores para substituí-lo, ou, melhor dizendo, complementá-lo: Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell. Para aqueles que não conseguirem imaginar quatro pessoas interpretando o mesmo personagem, um conselho: adentrem o Imaginarium, onde qualquer um pode ter quais e quantas aparências quiser!
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