12 de novembro de 2011

A Jornada (1)

O Passo do Aguado não era necessariamente uma aldeia, muito menos uma cidade. Era, na verdade, apenas mais um lugar localizado dentro de um país, suficientemente esquecido dos outros povoamentos para acabar adotando um nome próprio.
Muitos viajantes passavam por lá a caminho de seus destinos, e pouco deixavam durante o pouco tempo que permaneciam, levando também muito pouco desse vilarejo que não tinha muito o que oferecer. A maioria dos moradores trabalhava em seus próprios campos, para colher o alimento dos meses seguintes. Fora isso, haviam apenas umas duas tavernas para a diversão do povo local e para a gente passageira.
Num certo dia de outono, Carmelo passava pelo Passo do Aguado. Era um característico eremita, este jovem. O sopro do boato e o brilho do conhecimento eram seu chamado. Pois não tinha casa, nem família, nem terra para plantar. Seu alimento era o que caía da árvore ou brotava do chão, e também o conhecimento de qualquer natureza. Assim, sem ao que se prender, Carmelo viajava muito, por todos os lugares, sempre a procura de aprendizado, estalebelecendo "lares" onde houvesse pessoas a quem amar, e utilidade para sua bondade. Por isto, os que o conheciam acabavam por chamá-lo de monge, ou sacerdote, até mesmo santo, ou coisas do tipo. Pois era uma forma de expressar o caráter benevolente do rapaz, unido a sua perícia nas artes místicas.
Cansado de tantas horas a analisar papéis antigos que havia encontrado a alguns meses em um cidade grande, onde esteve, o jovem ergueu-se da grama onde repousava, despertou o burro que usava para viajar e montou-o, indo em direção ao vilarejo, onde pretendia beber e conversar. [Continua...]

Nenhum comentário:

Postar um comentário