No vestibular da UFRGS de 2012, os concorrentes tiveram de discorrer sobre a língua portuguesa no mundo, os países lusófonos (países que falam o Português), e sobre a língua enquanto identidade, herança e criação. Considerando a metáfora de Mia Couto, citado na prova,  para "Adamastor" (nome atribuído por Camões às tempestades enfrentadas no Cabo da Boa Esperança) como sendo os desafios para a interação entre os países lusófonos, criei a seguinte redação:
O desafio de identidade entre nações lusófonas
  A língua portuguesa espalhou-se pelo quatro cantos do globo graças ao empreendedorismo português da época das Grandes Navegações, mas a herança da colonização portuguesa por si só não é suficiente para formar um espírito de união entre as nações lusófonas, em vista da grande diferença cultural entre estes países, que apresentam culturas tão distintas entre si. A prosperidade econômica e a presença na Internet, contudo, podem ser fatores geradores de identidade entre as nações que falam o Português.
   Sob o estigma das colônias de exploração que a maioria deles foi, os páises de língua portuguesa possuem um crescimento econômico historicamente aquém de outras economias, como a norte-americana. Este quadro vem se revertendo de forma mais representativa para alguns - como o Brasil, que está entre as maiores economias mundias em desenvolvimento - do que para outros, como São Tomé E Príncipe, que têm ainda grandes problemas para vencer (como a miséria e a fome) antes que possam alcançar um patamar semelhante ao de seus irmãos lusófonos. Estas mesmas diferenças sócio-econômicas, somadas aos fatores geográficos e históricos, ilustram a lacuna cultural que os países que falam português possuem entre si.
  Por outro lado, as estatísticas revelam um incremento nos negócios entre países lusófonos, que de 1998 para 2008, cresceram em mais de 530%. O compartilhamento entre estas nações não se dá apenas pelo intercâmbio de produtos e serviços, mas também através da Internet, esta ágora virtual, em que o Português está em 5º lugar no ranking de idiomas mais utilizados. Este quadro revela que não só a importação e exportação de literatura contribui para um aumento da identidade linguística entre países lusófonos, mas que também a produção textual informal e o diálogo interpessoal tornam esta identidade uma realidade.
  É desta forma que, apesar das distinções culturais que os países lusófonos possuem entre si, o Português está servindo como um fator de identificação entre estes povos tão diferentes.
  Por este prisma, pode-se dizer que os "Adamastores" de Mia Couto estão sendo uma vez mais vencidos.
 
 
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