4 de maio de 2012

A casa limpa

A casa limpa.
Os móveis todos no lugar, nada de sujeira pelos cantos, nem poeira sobre as superfícies.
Papéis arquivados, porcelanas lustradas, prataria polida.
Nada fora do lugar e a luz incandescente entrando pelas aberturas frescas na alvenaria.
Reflexo no chão brilhante.
Cheiro de incenso no ar.

Mas onde está a vida?
Viver é expandir, é criar. E para criar, a arte é grande, ruidosa e suja.

Viva! Respire! Transforme oxigênio em dióxido de carbono! E daí que destrói a camada de ozônio?
Corra! Esmague a grama sob os pés, pise sobre as plantas, erga pedras sobre o campo de flores. Construa!
Cresça! Coma! Viole a perfeição original das formas e torne a integridade das frutas e dos animais em bolo alimentar.

Só não sinta medo, nem piedade pelas coisas. Sem a necessária raiva, o mundo é apenas um palco vazio.
Como aquela casa onde tudo é reto, mas nada faz mais que dormir, mirrar e crescer para dentro.

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