27 de maio de 2012

Faz muito tempo que aprecio Clarice Lispector... Vou ser franco: desde a época em que usava o Orkut e suas máximas começaram a chover por lá. Como tantos outros, eu era encantado com o seu caos interior, sua auto-confissão, sua melancolia... Tudo isso implícito em palavras desordenadas e não muito coerentes (afinal, são sentimentos). A demais, a beleza exótica de Clarice casa muito bem com o mistério que suas palavras provocam. Clarice era muito mulher.

Mas, até então, eu nunca tinha lido nenhum livro da autora. Apenas uma crônica, Os Desastres de Sofia, porque nele havia um trecho conhecido que dizia muito sobre mim, e que trago sempre na memória: "Estava permanentemente ocupado em querer e não querer ser que eu era, não me decidia por qual de mim. Todo é que não podia ser. Ter nascido era cheio de erros a corrigir, só tinha tempo de crescer; o que eu fazia para todos os lados, com uma falta de graça que mais parecia o resultado de um erro de cálculos. Na minha pressa, eu cresci sem saber para onde." É uma adaptação do trecho, não uma reprodução fiel.

Hoje, que fique registrado, estou mergulhando mais a fundo em Clarice.


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