30 de dezembro de 2012

O Liberalismo Comportamental e As Mudanças Sociais



Desde os anos 80, o liberalismo comportamental no mundo ocidental rompe com tabus consolidados desde a Idade Média e dá abertura para a legitimação das uniões consensuais, dos indivíduos divorciados, dos pais e mães solteiros, das uniões homossexuais, etc.. Do ponto de vista econômico, por sua vez, este quadro, intensificado no séc. XXI, revela o caráter versátil e dinâmico dos profissionais requeridos para os novos tempos, que cultivam menos suas raízes e que priorizam a qualificação profissional.
                No Brasil, já desde a Constituição de 1988, os cidadãos não devem ser julgados (nem punidos) segundo preceitos religiosos. Culturalmente, contudo, o desligamento dos valores religiosos tem sido tardio. E isto pode explicar o porquê de a imagem de família estar mudando no séc. XXI. Enquanto, hoje, os brasileiros experimentam novas formas de relacionamento, levadas a cabo pela compreensão expandida acerca de valores como amor, união, prazer, lealdade, entre outros, a própria base da organização social muda.
                Pelo prisma da renovação, nota-se uma sutil mudança na forma como os indivíduos relacionam o dinheiro e a vida profissional com a idealização da estabilidade doméstica e familiar. Com o mercado de trabalho se tornando mais exigente na necessidade de profissionais com maior conhecimento técnico-científico, percebe-se que o investimento financeiro dos indivíduos tem migrado mais para a educação que para a aquisição imobiliária, por exemplo. Nos últimos anos, o aumento da procura pelo Ensino Superior evidencia esta realidade. Por conseguinte, a reserva financeira destinada à própria educação inibe o despendimento para a criação dos filhos, por exemplo. É comum, portanto, perceber que estados como o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul apresentam maior estatística de jovens solteiros e famílias reduzidas do que estados menos desenvolvidos, como os do Norte, como demonstrado pelo IBGE. Também, as pessoas nas economias centrais brasileiras estão mais expostas ao intercâmbio cultural com países desenvolvidos, onde o comportamento dos indivíduos é mais liberal. Outro fator que justifica a queda no número de matrimônios, o adiamento dos casamentos e o aumento das “uniões temporárias” é a mobilidade que as oportunidades de trabalho requerem dos novos trabalhadores. Com o fluxo de migração da mão-de-obra qualificada brasileira para o exterior e para as outras unidades da federação, os novos profissionais tendem a adiar e pensar menos na estabilidade familiar, tão valorizada nas décadas passadas.
                Contribuindo para este contexto, nota-se uma certa mobilização institucionalizada na lei brasileira. Do ponto de vista jurídico, destaca-se a legalização da união homossexual no ano de 2011, que revela uma preocupação por parte do poder público em garantir direitos a cidadãos de comportamentos diversos dos padrões convencionais, elevando-os ao mesmo patamar dos demais indivíduos que integram a sociedade.
                O Brasil demonstra, assim, ser digno de pertencer ao quadro dos países em rápido desenvolvimento, pois, embora haja muito o que se conquistar em termos de desenvolvimento humano e econômico, nota-se uma mobilização positiva em direção da conquista de direitos civis e uma mudança no modo de os indivíduos compreenderem o sucesso pessoal: agora algo mais ligado ao sucesso financeiro que à manutenção do “status” familiar.

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