O humor politicamente incorreto e o preconceito

  O Brasil do séc. XXI é marcado pelas mudanças sociais consequentes do aumento da prosperidade econômica. Ao passo em que há um advento da educação e do compartilhamento de conhecimento através das mídias digitais, nota-se que a presença do humor, mais que uma forma de entretenimento, desenvolve-se como uma potente ferramenta política, que revela quadros negativos sobre esta nova sociedade.

  O aumento dos índices nacionais de educação, o surgimento de novas classes sociais e, sobretudo, a disseminação da informação através do consumo das mídias digitais tornam preponderante a discussão sobre temas relevantes, como sexualidade e raça.

  Enquanto a liberdade de expressão tem sido valorizada, graças às lições aprendidas com o anos de Ditadura Militar, cresce a popularidade do chamado "humor politicamente incorreto". Este movimento, por assim dizer, tem como cunho, segundo os profissionais da área, a quebra dos valores embotados e conservadores aos quais a nação tem sido exposta por décadas. Ora, o humor tem seu peso político ao passo em que serve como forma de propagação de valores individuais e, portanto, influencia na formação cultural de uma sociedade. Conforme exposto pelo deputado Jean Wyllys, no documentário "O Riso dos Outros", de 2012, a apreciação de uma piada sugere uma identificação de opiniões entre o humorista e o espectador. Por este prisma, apesar de práticas retrógradas como racismo, misoginia, homofobia, "bullying"., etc. estarem sendo criminalizadas nas esferas legislativas e jurídicas, nota-se, pela constante presença de piadas preconceituosas no dia-a-dia das pessoas, que há, ainda, um grande combate ideológico a ser travado em todas as camadas sociais, no sentido do respeito à diferença.

  Assim, o próprio "humor politicamente incorreto", através de piadas direcionadas contra determinados estereótipos sociais, contribui para a humilhação e repressão de determinados comportamentos, prestando uma desserviço à liberdade pessoal.

  É desta forma que, pode-se dizer, o humor, no Brasil, expõe e, por vezes, prejudica o processo de democratização e de liberdade de expressão. Processo este extremamente importante para o alcance do "status", no Brasil, de sociedade desenvolvida.