Completamente apático.
Não reivindico liberdade alguma.
Pensando assim, aqui sobre o peitoril da janela, fico vendo o movimento banal dos carros lá fora.
Sei que, para saltar, preciso que meus ossos e músculos estejam fortes, e também que o vento esteja bom. Preciso que o chão esteja no lugar, e que o planeta não esteja em chamas.
Não depende de mim saltar.
Então, vou ficar aqui parado. Estico minhas patas o máximo possível, tombo minha cabeça peluda sobre elas. Isto eu escolhi.
Só não fecho os olhos. Não fecho os olhos porque não quero sentir como se estivesse dormindo. Quero que fique evidente que estou acordado - e vivo. Apenas escolhi estar inerte.
Porque geralmente a vida é confundida com movimento, mas não é.
E ficar parado, ao menos, é uma escolha. Me sinto livre para isso.
Creio que o humano que me alimenta pensa algo assim; ele prefere não dormir com ninguém, pois sente que esta é a escolha mais independente da vida de um ser vivo. Porque a natureza grita: "reproduza-se"!, mas ele responde: "não".
Nenhum comentário:
Postar um comentário