2 de março de 2011

Não me lembro mais o que significa estar satisfeito. É claro que conheço o sentido da palavra, mas realmente não recordo da sensação. Conseqüência desta minha aceitação, desta minha conformidade infinita. Face tão cristã da minha personalidade. Que parco ateu eu sou. Batem no meu rosto e eu ofereço o outro lado sem pestanejar.

Por isso tudo está do jeito que está. Vou esbarrando por esta estrada da vida, tropeçando aqui, sendo acotovelado ali por este mundo louco que gira rápido demais para minha cabeça.

Tudo porque o mundo do cotidiano não me serve, e eu também não sirvo para ele. Eu queria mais. Não o infinito, mas o intenso e o sutil. Queria um único momento no dia, que durasse para sempre. É neste universo que quero viver, que se vislumbra através de uma aberturazinha da velha porta, na pincelada do pintor, na cinzelada do escultor, ou no som do violino.

Não é preciso ir tão longe. Deitei num banquinho de praça, embaixo duma árvore a observar a chuva cair através da luz do refletor, enquanto ouvia música. Passaram-se horas sem que eu houvesse percebido, de tão enlevado, onde eu estava. Era o ceio de Deus, a Paz, a plenitude da cabeça vazia.

Pena. Estava na hora de retornar.

Um comentário:

  1. eu conheço esta velha insatisfação do JH, mais tbm adimiro a satisfação que vem do simples!

    ps, não sei se tu notou mais hoje eu comentei todas as tuas postagens que eu ainda nao tinha visto, e comecei a lembrar da nossa época no BB ( BB bom dia!)hahahahha, e de como era bom e simples aquele trabalho.
    só pra ti saber... foi o melhor lugar que eu já trabalhei!

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