17 de junho de 2012

"Crônicas para Jovens: de Escrita e Vida", Clarice Lispector

A leitura ajuda a desmistificar um pouco a imagem que fazemos da escritora Clarice Lispector. É claro que nem ela mesma se entendia (e quem não é um mistério para si mesmo, não é?), mas sua escrita, sempre tão hermética, nem sempre consegue conectar-se com o leitor. Em "de escrita e vida", porém, é possível termos um contato direto com algumas de suas reflexões, sem que o tom característico de suas palavras se perca; isso porque o livro é sobre as impressões de  Clarice à respeito de si mesma, sobretudo sobre sua escrita. Seu cotidiano, seu trabalho, suas atividades pessoais... nada maquiado por um enredo ou através de algum personagem. Aqui é Clarice falando de Clarice - uma Clarice escritora, colunista, celebridade querida...

Para mim, ela continua sendo uma imagem linda. Essa mulher charmosa e sisuda, viajada e tão caseira, mãe, esposa, escritora e colunista, que morreu há tanto tempo, permanecendo tão vital ainda hoje!... Como ela vivia normalmente sendo aquele labirinto de reflexões? Qual era sua relação com a sociedade brasileira? Como veio a se tornar um ícone da literatura nacional lendo tão pouco e negligentemente?

Sinto que era exatamente isso que Clarice receava quando se dava conta da famosa escritora que era: sentia medo da caracterização, dos limites da forma que o público lhe dava - justo ela que, na sua simplicidade, já pouco se entendia, como iria compreender-se como uma quimera grandiosa que inspirava pessoas pelo mundo?

A resenha no Skoob.

Um comentário:

  1. Eu discordo em alguns pontos, tu sabe haha
    Mas acho engraçado essa coisa de "vivia normalmente". A diferença está por dentro, mesmo. E justamente por não se importar muito com o "por fora" é que ela foi tão especial.

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