É como se houvessem apenas duas classes de eleitores: jogadores interessados em ganhos individuais e a massa inconsciente das questões políticas.
Os primeiros são o exército do candidato ao poder (seja prefeito, vereador, etc.). São indivíduos que se agregam às pessoas pretensas aos cargos, em busca de benefícios próprios, principalmente ganho financeiro e vagas de trabalho em instituições públicas (essas vacas leiteiras!)...
Os segundos são o grande conjunto de pessoas desinformadas e indiferentes, que não sabem ou não se importam com o destino das cidades onde vivem, com assuntos como corrupção, carga tributária, eficiência dos serviços públicos...
Os jogadores fazem verdadeiros malabarismos, além de trabalhos super elaborados de marketing, para beneficiar seu "padrinho". Sua função, em época de eleição, é reavivar lembranças, distorcer informações e instigar o imaginário das massas, sempre tão passivas.
É uma certa relação de mutualidade. A massa insconsciente necessita de conteúdo para preencher o vazio de suas mentes, para não votarem no branco de seus cérebros. Os jogadores, por sua vez, necessitam de números, de quantidades, de peças para o alcance de seus objetivos, e, portanto, oferecem os conceitos demandados pelas massas desprovidas.
Poucos são os críticos, aqueles que não têm interesse direto na eleição do canditato X ou do Y. Entendem que políticos eleitos são funcionários: um sai, outro entra, e todos têm de executar as mesmas funções, com pouquíssimo acréscimo de sua personalidade, de sua força de vontade, de sua motivação. Geralmente são os críticos que se tornam apáticos e não votam em ninguém (pois nenhum candidato à vaga vai ser um bom funcionário).
A implantação da democracia na América Latina, em especial no Brasil, é justamente a existência de uma cultura eliticisma em relação à política: o prefeito, o vereador, o presidente, o senador, etc., não são encarados como servidores públicos, mas como verdadeiros senhores feudais: com poder e dinheiro nas mãos. Então o povo, que supostamente deveria possuir o poder, escolhe o próximo ocupante dos cargos de influência esperando por receber a sua graça, ao invés de ser criterioso na escolha daquele que futuramente irá lhe servir.
Parece simples, mas, enquanto os eleitores da cidade não migrarem para o grupo dos críticos, as campanhas políticas vão continuar se confundindo com jogos de futebol, com suas torcidas organizadas no lugar de eleitores, e times no lugar de partidos políticos.
 
 
Ótimo.
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