17 de fevereiro de 2012

Quem sou eu?


            Quem sou eu?
Eu sou meu nome? Ou sou um número? Código de fabricação?
Hey, você, que me olha aí de cima! Diga quem eu sou ou cale-se para sempre!
Na família, não sou filho, nem pai. Também não sou marido, nem esposa. Sou um irmão? Nem tanto. Mas só primo também não sou. Eu estou ali, sempre presente. Como me classificarão?
                Na rua, sou estranho. Às vezes invisível, meramente complemento de cenário. Se me enxergam, não veem formas, só conceito: “?”. Sou mais um na multidão.
                Para o Governo, sou povo. Não passo de estatística. Sou cronômetro, sou pressa, sou espera na janela.
                No hospital, sou demanda. Me liberem. Próximo!
No trabalho, sou o Zé. Zé-faz-tudo, Zé-faz-nada, Zé-sem-vontade, Zé-sem-prazer. Serei só uma engrenagem?
                Para os amigos, sou diverso, dissimulado. Sou alegre, só sorrisos, sou um personagem fascinante. Mas quando não estão comigo, quem eu sou?
                Já no amor... Ah! O amor!... Aí eu sei quem sou: não sou ninguém, só o outro.

Um comentário:

  1. Muito bom. Olha que esse conceito de "o outro" no amor, Freud explica, hein? haha
    Beijos

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